Texto tirado do blog de Vinicios Matos mais fala muito bem... CONFIRAM...
"O passaporte para o
inferno: 10 motivos para nunca anunciar em um clube de compras coletivas
Em pleno domingão abro meu e-mail e me deparo com mais um anúncio de um fotógrafo
em um grande clube de compras que desta vez concedia um desconto de 81% para os
clientes que comprassem um dos seus books fotográficos aqui mesmo na minha
querida Belo Horizonte. Detalhe, a sessão poderia ser externa ou em estúdio.
Quem já ouviu falar dos “clubes de compras coletivas”? Já
existem mais de 1000 no país e eles funcionam mais ou menos assim: o site
procura o fotógrafo que por sua vez fecha uma parceria e se compromete a
conceder um mega desconto para quem adquirir um cupom para determinado
serviço de fotografia com prazo determinado. A empresa então estabelece uma
data de início e fim para a promoção, o desconto é dado e o fotógrafo vende muito,
mas muito mesmo. Além disso ele consegue vários novos clientes.
Sim, esta é a realidade do mercado de compras coletivas. No
entanto, por traz dela há armadilhas que o fotógrafo e qualquer outro prestador
de serviço deve conhecer antes de tirar o passaporte para o inferno.
1. Um cliente que adquire um serviço nessas condições
jamais o faria se o preço cheio fosse cobrado.
E o que isso tem a ver? Isso quer dizer que este cliente não
faz parte do público do fotógrafo anunciante. Ele não se encantou pelo trabalho
do fotógrafo e sim veio apenas por que estava praticamente de graça.
2. Preço não fideliza.
O cliente que adquiriu produtos em clube de compras não é
fiel. Se ele voltar amanhã, provavelmente procurará o fotógrafo que estiver
dando o maior desconto. Portanto, o fotógrafo que pensa que hoje deu desconto e
não ganhou nada mas pretende ganhar no futuro com novos serviços para este
mesmo cliente, desista. Ele não voltará.
3. Só fotógrafos mal sucedidos participam de clube de
compras.
Eu nunca ouvi falar de caso de fotógrafos que participaram
de clubes de compras e obtiveram êxito. Posso estar enganado mas se há algum,
quero conhecer o GÊNIO. Aliás, há alguns que se arrependeram tremendamente pois
o clube de compras bombou, em termos de números de clientes, mas por outro lado
só serviu para catalisar problemas com clientes que reclamavam dos níveis dos
serviços prestados pelo fotógrafo iludido que não tinha tempo nem de ir ao
banheiro e muito, mas muito trabalho para entregar.
4. Clube de compras dá prejuízo.
De longe ele não paga nem o custo. Como é que um fotógrafo
que trabalha de 12 a 15 horas em um ensaio, no mínimo, entre fotografia,
contato com o cliente (emails/telefones), edição e pós produção pode cobrar R$
29,00 por uma sessão? Deste valor ele embolsa apenas 20 reais já que é
necessário pagar a comissão mínima do
clube que é de 30%. Ele está cobrando R$1,33 centavos por uma hora de trabalho.
Se ele trabalha 44 semanais ele receberá um salário de R$ 235,00/mês. Ele tem
um estúdio e recebe um salário bem menor que o salário mínimo? Isso faz
sentido? Será que eu estou ficando louco ou este cara fugiu da aula de
matemática? Loucura…Loucura… Como diz o famoso apresentador de TV.
5. Clube de compras vicia.
Como ele gera uma receita inicial, o fotógrafo recebe uma
bolada e acha que fez dinheiro. Na verdade um dinheiro na mão que poderá
iludí-lo. Depois de um tempo chegam as contas para pagar, a maioria delas
geradas pela própria promoção. Surge então a necessidade de se fazer mais caixa
e uma parte dos anunciantes repete a promoção para aliviar a dor. A nova
promoção funciona então como morfina administrada a um paciente no seu leito de
morte. Alivia a dor, temporariamente, mas a morte é iminente.
6. O clube de compras estrangula o tempo do fotógrafo e
prejudica seu fluxo de trabalho
Acontece assim: o fotógrafo da noite para dia passa a ter
inúmeros clientes com os quais ele precisa entrar em contato, fotografar e
editar. Ele passa a ter mais imagens para tratar e seus clientes lhe demandam
muito mais tempo. Só que seu tempo é o mesmo. Ele não dilatou e as coisas
passam a ser feitas na pressa, sem o mínimo controle de qualidade. Além disso
ele é um profissional que recebe R$ 1,33 por hora. Ele precisa andar rápido com
seus trabalhos por que logo logo ele vai lançar outra promoção. Ele precisa de
dinheiro para sobreviver. A coisa tá preta.
7. Quem cobra tão pouco não tem qualidade.
De onde um fotógrafo, que cobra R$ 29,00 por um ensaio,
tirará recursos para investir em seu negócio e sua carreira? Como um
profissional como esse poderá investir no seu estúdio em em equipamentos de
primeira linha? Quando poderá adquirir livros, ir a congressos ou participar de
workshops? A resposta é simples, NUNCA. Não existe milagre, a qualidade é fruto
de investimento e este por sua vez depende de dinheiro.
8. Quem cobra tão pouco seleciona o público que vai
atender
Sei que há diversos níveis de fotógrafos e claro, da mesma
forma há cliente de classes sociais diferentes. Sei também que nem todo cliente
pode pagar um preço premium em um serviço fotográfico. No entanto, a questão
aqui é bem mais complexa. Trata-se de lógica ou melhor da falta dela. É
matematicamente inviável a sobrevivência de um profissional que anuncia em
clubes de compras. Poucos possuem gordura para ser queimada a ponto de
conseguirem se reerguer depois da paulada em seu fluxo de caixa após uma
promoção como estas. O baque no negócio normalmente o quebra antes mesmo de se
dar conta de que fez uma grande besteira. É como atravessar uma avenida
movimentada e ser atropelado por uma carreta. Oi? Hein? Onde? Como? Vruuuuuuum.
Já era!
9. Muitos clientes saem insatisfeitos com os clubes de
compras
Basta fazer uma pesquisa rápida no Google e ver como tem
gente “P” da vida com os serviços prestados ou por serviços que não foram
prestados. A matemática é cruel. Se alguém cobra pouco por um serviço a ponto
deste serviço mal ter seus custos pagos, provavelmente algo de muito ruim
acontecerá. Ou o prestador não cumprirá com o acordado por falta de capital ou
o serviço prestado será de baixíssima qualidade. Isso para mim faz mais que
sentido!
10. O Clube de Compras só é bom para o Clube de Compras.
Se o fotógrafo paga para trabalhar e se a taxa de clientes
insatisfeitos em um clube de compras é alta, o clube de compras só é bom para o
próprio clube de compras. Um negócio perde-ganha. Perde o cliente, perde o
fotógrafo e ganha o site. É justo isso?
Se você fotógrafo tem vontade de conhecer o inferno é muito
simples. Comece fazendo uma promoção em um clube de compras e adquira a sua
passagem, apenas de ida com direito a um abraço apertado no capeta.
Sem mais para o momento, desejo o sucesso aqui de todos.
Mesmo daqueles que estão nos clubes de compras. A esses últimos fica um último
conselho:
- Apertem os cintos e “boa” viagem!
* para toda regrá há exceções (gostaria muito de
conhecê-las).
* a crítica diz respeito ao modelo do negócio praticado e
não ao fotógrafo que participou da promoção.
QUEM GOSTOU POR FAVOR COMPARTILHE!"
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